Por Marcos Côrtes
Em ato promovido pelo PSDB, DEM, PPS e Psol que lotou o plenário 6 da Câmara dos Deputados, a oposição voltou a defender nesta quarta-feira (31) a instalação da CPI da Corrupção. De acordo com as lideranças que discursaram no evento, as denúncias que pesam contra o governo Dilma e a absoluta inexistência da faxina prometida pela presidente reforçam a necessidade da comissão de inquérito. A importância da pressão da sociedade aos deputados e senadores que resistem a assinar o requerimento também foi destacada nos pronunciamentos.
Integrantes da juventude do PSDB de 11 estados estiveram presentes ao ato e anunciaram que se mobilizarão nas ruas e nas redes sociais para defender a CPI. Para o próximo dia 7 de setembro, por exemplo, estão previstos eventos em mais de 20 capitais promovidos por grupos de brasileiros inconformados com as sucessivas denúncias. Parlamentares de partidos aliados, como Reguffe (PDT-DF), também prestigiaram o evento.
Até o momento 126 deputados e 20 senadores assinaram o pedido de CPI. Ou seja, faltam 45 apoios na Câmara e sete no Senado. Para a oposição, é plenamente possível chegar a este número, até porque a comissão de inquérito é uma bandeira da própria sociedade, inconformada com tantos desmandos no governo petista. Para verificar quem já assinou, basta acessar o site cpidacorrupcao.blogspot.com, lançado oficialmente no último dia 17.
Dilma nunca recebeu ministro da CGU
Após destacar que a enxurrada de escândalos já provocou a saída de quatro ministros e envolvem outros cinco (Turismo, Cidades, Comunicações, Casa Civil e Relações Institucionais), o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), apresentou um dado que coloca por terra a tese da faxina de Dilma: de 1º de janeiro até hoje, a petista não recebeu uma vez sequer no Planalto o controlador-geral da União, Jorge Hage, chefe de um órgão que tem como missão principal defender o patrimônio público. E mais: a Associação dos Fiscais e Auditores da CGU não está tendo dinheiro para as diárias necessárias ao trabalho de fiscalização.
Diante deste quadro, Nogueira acredita que não resta outro instrumento senão a instalação da CPI. “Sem ela, a corrupção vai ganhar da decência”, alertou. “É fundamental o apoio da sociedade para conquistar as assinaturas necessárias para criar a comissão, promover o afastamento dos envolvidos, avaliar os danos, puni-los exemplarmente e cobrar a devolução do que foi desviado”, completou Nogueira.
Já o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), contestou de forma veemente a tese da faxina prometida por Dilma e cobrou investigação da atuação do PT no governo, legenda que detém a maior parte dos ministérios e dos cargos. “Somente assim atingiremos o núcleo da corrupção”, afirmou o tucano. “Precisamos desfazer a tese de que Dilma teve qualquer interesse em fazer faxina. Na verdade, eles não tem qualquer cerimônia em fazer populismo e enganar o povo”, alertou o deputado, que clamou a todos a participar e manter vivo o esforço da oposição no combate à corrupção.
Por sua vez, o líder da Minoria na Câmara, Paulo Abi-Ackel (MG), alertou que o país perde R$ 3,5 bilhões com a corrupção, segundo cálculo da Fundação Getúlio Vargas. Este dinheiro faz falta numa nação onde 40% das casas não possuem saneamento adequado, 14 milhões não sabem ler e escrever, a infraestrutura é precária e reina o aparelhamento do Estado pelos “companheiros” e a ineficiência. “Vamos às ruas se for preciso, mas sobretudo pedir aos parlamentares para assinar a CPI mais importante dos últimos tempos em nosso país”, defendeu.
Para o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), nunca em tempo algum uma CPI se justifica como esta, dados os escândalos que se repetem e fazem crescer indignação em todo o país. Prova disso é que uma proposta apresentada pelo senador Pedro Taques (PDT-MT) que transforma corrupção em crime hediondo recebeu o apoio de mais de 230 mil pessoas em menos de duas semanas. “Ou o Congresso instala a CPI ou será atropelado pela opinião pública deste país”, alertou o tucano, que também chamou a faxina prometida por Dilma de “encenação”.
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