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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Nas marchas país afora, brasileiros mostraram que não perderam a capacidade de indignação

Por Letícia Bogéa
A Marcha Contra a Corrupção levou milhares de pessoas à Esplanada dos Ministérios nessa quarta-feira (7) e mostrou a indignação popular diante da série de escândalos no governo federal. O deputado Otavio Leite (RJ), 1º vice-líder da bancada, aprovou o movimento, que incentiva o país a avançar na seriedade e no tratamento correto com a coisa pública. Cerca de 25 mil pessoas participaram do protesto em Brasília.
Segundo o parlamentar, a pressão da sociedade é fundamental para que o Congresso crie a CPI da Corrupção. “A população não aguenta mais conviver com notícias que trazem sempre péssimas informações sobre ética e correção na atividade pública. Esse governo prossegue em um emaranhado que só se agrava”, apontou nesta quinta-feira (8). “Milhares de brasileiros não param de manifestar sua indignação diante de tantas mazelas”, completou.
A marcha, organizada por meio de redes sociais na internet, se destacou entre as demais ocorridas país afora. As principais bandeiras levantadas pelos manifestantes estão em sintonia com os tucanos: fim da farra de irregularidades no governo federal e do voto secreto, além de críticas a não cassação da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF).
Enquanto a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) apoiaram o protesto, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) não compareceram.
“Imaginar as entidades caladas diante de tanta corrupção é inaceitável. Esses movimentos também deveriam estar nas ruas reivindicando o combate à corrupção e pedindo aos parlamentares para que assinem a comissão de inquérito. Essa realidade mostra uma página muito negativa do momento político brasileiro”, lamentou.
Pelo Twitter, o líder do PSDB da Câmara, Duarte Nogueira (SP), considerou positivas as manifestações. De acordo com ele, elas são sinais de que a sociedade está atenta e que a pressão popular pode provocar mudanças.
“O governo não age, apenas reage. Na Câmara, a base aliada representa cerca de 400 dos 513 deputados. No Senado, 60 dos 81 integrantes. Sem a pressão da sociedade, o rolo compressor do governo neutraliza qualquer movimentação contrária aos interesses do Planalto. A CPI da Corrupção, por exemplo, tem 126 das 171 assinaturas necessárias na Câmara. E esse número vai aumentar à medida que a pressão das ruas crescer”, afirmou.
A frase:
“É preciso questionar a posição dessas entidades, afinal elas sempre tiveram na história um papel de luta em prol da democracia, da liberdade e da transparência. Hoje em dia, o que verificamos é o contrário: uma subserviência patrocinada pelo governo. É algo realmente inaceitável”.
Deputado Otavio Leite (RJ)
Desfile isolado
→ A Marcha Contra a Corrupção aconteceu na Esplanada dos Ministérios, mesmo lugar das comemorações oficiais do feriado da Independência. Os manifestantes levaram carros de som, cornetas, tambores e apitos para chamar a atenção da presidente Dilma e dos políticos. A Presidência, no entanto, tomou o cuidado de isolar a região do desfile de forma que Dilma não tivesse visto nem escutado o protesto.

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